Postado em 14/05/2025
política monetária
Na análise do economista Roberto Luis Troster, os desdobramentos da chamada “grande quarta-feira” — dia em que as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed) e do Banco Central do Brasil coincidiram — marcam um momento de inflexão nas expectativas econômicas globais e domésticas. Segundo Troster, ainda que os anúncios em si tenham seguido o que o mercado previa, o conteúdo dos comunicados das autoridades monetárias trouxe sinais importantes sobre o futuro dos juros e os caminhos da economia nos próximos meses. Nos Estados Unidos, o Fed optou por manter a taxa básica de juros inalterada, como esperado. O ponto mais relevante, no entanto, veio na fala do presidente da instituição, que adotou um tom neutro, descartando novas altas no curto prazo. Para Troster, esse posicionamento reforça a perspectiva de que os juros americanos podem começar a recuar, abrindo espaço para uma maior fluidez no crédito global e menos pressão sobre economias emergentes, como o Brasil. No caso brasileiro, o Banco Central elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, movimento já antecipado por boa parte dos analistas. A surpresa, de acordo com o economista, foi o teor ambíguo do comunicado divulgado após a reunião. “Não foi nem sim, nem não — muito pelo contrário. Isso, nesse caso, é uma boa notícia. Mostra que a autoridade monetária está atenta à evolução dos indicadores e aberta a mudanças de rota”, avalia Troster. O cenário descrito por ele aponta para uma tendência de alívio inflacionário nas próximas semanas. Entre os fatores destacados estão a queda nos preços do petróleo no mercado internacional, reflexo da menor atividade econômica global e do aumento da oferta, e a desvalorização do dólar frente a outras moedas. Ambos os elementos devem impactar diretamente os preços dos combustíveis no Brasil, o que, por sua vez, reduz o custo do transporte e gera um efeito deflacionário em cadeia sobre os demais setores da economia. Além disso, Troster menciona uma expectativa de safra agrícola mais robusta neste ano, o que deve contribuir para a redução dos preços dos alimentos, um dos principais componentes da inflação no país. Com menos pressão inflacionária, a autoridade monetária brasileira terá mais espaço para recuar com segurança na taxa Selic.
“Aparentemente, tudo indica que os juros brasileiros já atingiram o pico. É razoável esperar que as taxas comecem a cair ainda este ano, ainda que de forma gradual”, afirma o economista. Na prática, isso se traduz em crédito mais acessível, o que estimula o consumo, destrava investimentos, impulsiona o emprego e favorece o crescimento econômico. Assista:
Fonte: Sinais de inflexão na política monetária indicam possível ciclo de queda dos juros no Brasil, aponta Roberto Luis Troster