Postado em 16/04/2025
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Em meio a uma crescente tensão comercial global, o economista Otto Nogami avalia que a atual guerra tarifária entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais deve se estender por, pelo menos, mais 90 dias, até que as partes envolvidas consigam negociar uma solução para o impasse. Nogami destaca que, embora o foco atual esteja na taxação de bens e produtos manufaturados, é preciso considerar o papel dos Estados Unidos como maior exportador mundial de serviços – um setor que pode se tornar alvo de retaliações caso o conflito se intensifique. Segundo o economista, os EUA consolidaram-se como potência global no setor de serviços, abrangendo tecnologia, finanças, entretenimento e outros mercados intangíveis, como licenciamento, patentes e seguros. Essa dominância não ocorreu por acaso: nas últimas décadas, enquanto as indústrias manufatureiras migravam para países com custos menores de produção, o governo norte-americano não viu isso como um problema, mas sim como uma transição estratégica para uma economia baseada no conhecimento. Os Estados Unidos abraçaram a ideia de que seu futuro econômico estaria na inovação e nos serviços, não apenas na produção de bens físicos. Hoje, empresas como Google, Apple, Netflix e Wall Street são os verdadeiros motores da exportação americana. No entanto, o especialista alerta que a imposição de tarifas sobre produtos manufaturados pode levar outros países a retaliarem justamente no setor de serviços, onde os EUA são mais vulneráveis. Recentemente, já houve sinais de que algumas nações estão considerando medidas nesse sentido, o que poderia afetar gigantes como streaming, fintechs e consultorias financeiras. “Se a China ou a Europa decidirem taxar serviços digitais ou restringir transferências de royalties, isso teria um impacto direto na economia americana. Por isso, há um movimento recente para reavaliar as tarifas e buscar negociações antes que a situação se agrave”, afirma. Nos próximos três meses, as partes envolvidas devem tentar evitar uma escalada do conflito, buscando acordos setoriais que equilibrem interesses comerciais. Enquanto isso, o governo dos EUA pode rever algumas tarifas como forma de aliviar as tensões, especialmente em setores onde a retaliação poderia ser mais danosa.”A guerra comercial não é só sobre produtos tangíveis. O que está em jogo é o futuro do comércio global de serviços, onde os EUA têm muito a perder. Se não houver cuidado, essa disputa pode se estender muito além do esperado”, conclui o economista. Embora os EUA mantenham vantagem competitiva em serviços, a guerra tarifária atual é um jogo perigoso que pode se voltar contra seus próprios interesses. A próxima movimentação das economias envolvidas – seja para avançar em acordos ou endurecer as retaliações – definirá os rumos do comércio internacional nos próximos anos. Assista:
Fonte: Tarifaço Trump 1: Onde vai chegar